Inteligência artificial na área jurídica
Inteligência artificial (IA) é uma tecnologia que permite a sistemas e máquinas simularem o pensamento humano, indo além da reprodução repetitiva de tarefas. O conceito surgiu na década de 1960. O cientista John McCarthy definiu, à época, inteligência artificial da seguinte maneira: “Inteligência artificial é a ciência de desenvolver máquinas inteligentes, especialmente softwares inteligentes”. Desde então, o conceito foi se aprimorando e se tornando mais plural, de modo que não exista uma definição para inteligência artificial, mas sim muitas.
O consenso, no entanto, é que inteligência artificial se trata de uma série de algoritmos matemáticos ou estatísticos que permitem que máquinas desenvolvam raciocínios aproximados ao raciocínio humano para determinadas atividades. Além disso, há o desenvolvimento de processamento e cognição semântica, que permite, por exemplo, que uma máquina consiga interpretar mensagens de um texto, e reajam a imagens.
Logo, se tornou possível a inserção dessa tecnologia nas ciências humanas, uma vez que é possível, por meio da inteligência artificial, que um robô compreenda o real sentido das palavras. Ou seja, com IA, as máquinas não são mais restritas a reagir a códigos numéricos, mas também a palavras. Também existem algoritmos que permitem que os robôs aprendam com suas decisões anteriores, seja com a supervisão de humanos ou por análise estatística.
Inteligência artificial na área do Direito
É necessário separar inteligência artificial da automação. O que se tem em grande parte dos escritórios de advocacia é automação de processos. Isso pode ser feito com um software jurídico, que simplesmente sistematiza a informação e torna a vida do advogado mais fácil e sua rotina mais prática, com funcionalidades voltadas para tornar a gestão de processos mais eficiente, ou a agenda do advogado mais organizada, por exemplo.
A inteligência artificial no Direito é resultado da evolução gradual das tecnologias da informática. Primeiro, as planilhas digitais simplificaram muito o armazenamento e consulta a dados relevantes para processos, decisões e estratégias de defesa ou acusação. Agora, soluções de big data permitem processar esses dados de maneira muito rápida, de modo que atualmente se perde menos tempo com pesquisas e consultas a bancos de dados.
Com a inteligência artificial no Direito, sobem-se mais alguns degraus, pois os algoritmos aproveitam todos esses dados para tomar ou sugerir decisões, apontar riscos e expor correlações ou incongruências. Essa tecnologia, portanto, faz muito mais do que apenas substituir o trabalho dos advogados “de verdade”, os humanos. Ela reduz as falhas e melhora a qualidade do serviço prestado para clientes e contribuintes – o que, no fim, resulta em mais justiça para todos.
A inteligência artificial irá substituir os advogados?
O uso da inteligência artificial no Direito não vai acabar com a profissão de advogado. Basta lembrar que esse sentimento não é novidade. Quando surgiram os softwares jurídicos e até ferramentas mais básicas, como os programas de edição de documentos e planilhas, muitos profissionais também ficaram temerosos. E a função de advogado continua firme e forte.
O Direito não se trata apenas de análises frias e objetivas da lei. Há que se observar questões éticas e interpretar a subjetividade de cada caso. Um raciocínio que as máquinas não são capazes de conduzir. O que aconteceu e seguirá acontecendo sempre que a tecnologia evoluir é a transformação desses profissionais. Isso é inegável. A tecnologia substitui apenas uma parte do trabalho, e traz vários benefícios.
O advogado tem uma grande pressão por resultados, encara prazos apertados e, muitas vezes, precisa fazer hora extra e trabalhar em fins de semana para dar conta do volume de trabalho que tem. Imagine agora o que aconteceria se ele conseguisse economizar várias horas de pesquisa por jurisprudência, consultas a bases de dados e análises primárias das informações obtidas. Desse jeito, ele teria mais tempo para se dedicar ao planejamento e execução da estratégia de defesa (ou de acusação) aumentando as chances de se obter o resultado esperado.
Impactos
A automação e a inteligência artificial no Direito – ou em qualquer outra área – não devem ser vistas como tecnologias que trarão desemprego e prejuízos à economia. São soluções que qualificarão as atividades dos profissionais ligados ao Direito e tornarão os serviços jurídicos mais acessíveis à população.
Para se preparar para as transformações que estão vindo é essencial buscar não apenas um entendimento maior sobre como funcionam as tecnologias, mas também o desenvolvimento intelectual em geral. Conhecer a lógica dos algoritmos e aprender a manusear as soluções de inteligência artificial no Direito é muito importante.
Mas o profissional também precisa se preparar para aproveitar o tempo que a automação dos programas vai lhe poupar. Pode ser a oportunidade perfeita para aperfeiçoar-se em determinada especialidade ou para aprimorar a prospecção e atendimento aos clientes.
E se você enxerga algum processo comum no exercício de advocacia que as lawtechs ainda não estão mirando, por que não pensar em empreender e criar uma solução de IA? Não é preciso ser um grande programador: basta entender como funciona a linguagem da ciência da computação e mobilizar os recursos humanos que podem transformar a ideia em realidade.
Fontes: Projuris / FIA – Fundação Instituto de Administração